O transporte ferroviário representa grave risco aos animais de companhia, colisões provocam fraturas pélvicas complexas, lesões de tecidos moles e hematomas extensos que frequentemente contraindicam reparos ortopédicos convencionais. Cães adultos sem raça definida circulam em áreas peri-ferroviárias em busca de alimento e território, elevando a incidência de fraturas múltiplas e luxações que exigem amputação. As próteses transcutâneas intraósseas por impressão 3D podem ser alternativas viáveis, pois oferecem design sob medida, adaptação anatômica e otimizam a distribuição de carga, embora pouco documentadas na prática veterinária. O objetivo do presente relato é descrever o uso de prótese 3D transcutânea intraóssea (ITAP) em cadela SRD de dez anosaplicada após amputação parcial do membro pélvico esquerdo (MPE), visando restaurar sua locomoção, promover conforto e melhorar sua qualidade de vida. A paciente foi atendida após atropelamento ferroviário, apresentando amputação traumática do membro pélvico esquerdo e lesões graves no membro pélvico direito (MPD), com fratura e perda de dígitos. Após estabilização clínica com analgesia, antibióticos e fluidoterapia, realizou-se o desbridamento com sistema fechado de alta pressão e curativo acolchoado. A cicatrização do MPE foi satisfatória, enquanto o MPD evoluiu com necrose, sendo tratado com pomadas de desbridamento enzimático e curativos. A paciente apresentava elevação dos membros pélvicos durante locomoção e então, optou-se pela osteotomia e implantação de prótese transcutânea intraóssea, após adaptação do animal, parte da prótese foi substituída por modelo 3D definitivo. Ocorreu complicações como necrose e exposição parcial da prótese, que exigiram enxerto cutâneo. A paciente readquiriu a mobilidade com a prótese, demonstrando boa adaptação. O caso evidencia a viabilidade do uso de ITAP 3D em reabilitação funcional de pacientes com traumas locomotores graves.O atropelamento ferroviário é raro em pequenos animais, mas causa politraumatismos graves. No caso relatado, as lesões restritas aos membros pélvicos favoreceram o prognóstico, corroborando estudos que destacam a importância da avaliação inicial e estabilização precoce. Exames de imagem e hemograma, que evidenciaram anemia normocítica normocrômica, foram essenciais para o planejamento seguro, conforme recomendado. O desbridamento com circuito fechado e solução salina, associado à pomada a base de colagenase, seguiu protocolos descritos para remoção de tecido necrosado e cicatrização eficiente. A amputação do membro pélvico direito, alinhada à literatura, visou permitir uso de prótese 3D intraóssea, tecnologia inovadora que melhora mobilidade e qualidade de vida do animal. O caso reforça a importância da associação entre inovação tecnológica e manejo clínico-cirúrgico fundamentado em evidências. Diante do exposto, reforça-se a importância do atendimento emergencial rápido em casos de politraumatismo, como atropelamentos por trens, visando à estabilização precoce e à redução de sequelas. A higienização e o desbridamento das feridas foram fundamentais para evitar infecções e favorecer a cicatrização. A amputação do membro pélvico direito e a adaptação da prótese ITAP 3D contribuíram significativamente para a melhora na locomoção e qualidade de vida da cadela. Assim, destaca-se o papel das tecnologias na medicina veterinária, desde que alinhadas ao bem-estar animal e acompanhadas de estudos que comprovem sua eficácia.